Vacinas de cultivo celular liberadas para produção comercial 13/11/2006 - 00:00


O Instituto de Tecnologia do Paraná – Tecpar já está autorizado a iniciar a produção comercial em larga escala da vacina anti-rábica de uso veterinário por cultivo celular. A liberação acaba de chegar do Laboratório Nacional Agropecuário – Lanagro, em Campinas, para onde havia sido encaminhado o primeiro lote com a inédita tecnologia, para o controle nacional, com a finalidade de a vacina poder ser liberada para o consumo.

O lote produzido no Tecpar havia passado por todos os testes internos e agora, já liberado, poderá ser distribuído para o Ministério da Saúde, que é o comprador. Essa mudança representa a passagem do Tecpar para atender o padrão tecnológico mundial, que, para esse tipo de imunobiológico, é o cultivo celular. Com isso, também se abre o caminho para a comercialização no Mercosul, pois essa vacina tem uma aceitação muito grande em países vizinhos ao Brasil. "Trata-se de uma inovação tecnológica de crucial importância, que coloca a linha de produção de vacinas do Tecpar num estágio de evolução dos mais avançados que existem atualmente em nível internacional. É relevante também o ganho de competência técnica das pessoas que trabalham no Tecpar e que tiveram condições de viabilizar o uso dessa tecnologia" – comenta Mariano de Matos Macedo, presidente do Tecpar.

O método

A principal diferença da nova vacina é o método de produção por cultivo celular, que permite a obtenção de um produto mais puro e capaz de induzir maior produção de anticorpos. Método descoberto por cientistas japoneses em 1961, no cultivo celular são utilizadas células provenientes de animais ou vegetais e, na nova vacina desenvolvida pelo Tecpar, são utilizadas as BHK21 (células renais de hamster). A nova vacina anti-rábica é um produto mais purificado, sendo mais seguro para os animais por não provocar efeitos colaterais. Além disso, por ser produzida em células, contém uma quantidade maior de vírus, induzindo uma resposta mais elevada e duradoura.

Com a utilização da nova tecnologia, o instituto já terá condições de fabricar de 4 a 5 milhões de doses pelo novo processo, no primeiro passo da mudança gradativa, que deverá levar à total produção por cultivo celular. Hoje, o Tecpar atende a demanda do ministério com 33 milhões de doses pelo método Fuenzalida Palácios."O lote que foi encaminhado ao Lanagro tinha 1725 doses e foi o nosso passaporte para o domínio do processo. Agora, com o processo dominado e o lote liberado, daqui para diante é ganho de escala. Vamos começar a produzir mais e mais até atingirmos a necessidade de demanda do Ministério da Saúde" – afirma Renato Rau, diretor de produção do instituto.