Unidade de produção de biodiesel do Tecpar inicia testes em menos de um mês 07/03/2007 - 00:00


Em menos de um mês o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) começará os testes para o funcionamento de sua unidade de produção de biodiesel, que está em fase final de montagem.

Com uma área total de cerca de 200m², a planta é composta por uma unidade de pré-tratamento de óleo vegetal e equipamentos para a produção do biodiesel, incluindo reatores, tanques de lavagem, evaporadores e condensadores, além de tanques para biodiesel e glicerina. Na área externa do galpão que abriga a unidade estão os tanques para óleo bruto, álcool, água e biodiesel. Um motor diesel/gerador de energia elétrica deverá fornecer energia e calor para a usina, consumindo o próprio biodiesel produzido na unidade.

O objetivo do Tecpar é a implantação dessa unidade de produção de biodiesel em escala semi-industrial – projeto financiado com recursos do Fundo Paraná – exclusivamente para pesquisa e desenvolvimento da tecnologia de produção e estudo das diferentes matérias-primas indicadas pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB), por meio do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), como potenciais insumos para a produção do biodiesel.

De acordo com Bill Jorge Costa, coordenador do Centro de Referência em Biocombustíveis (Cerbio) e gerente da Divisão de Biocombustíveis do Tecpar, coordenador do projeto, os principais fatores relevantes associados à atuação do instituto no Programa Paranaense de Bioenergia incluem "a possibilidade de explorar os aspectos associados com a produção de biodiesel no Estado do Paraná, com o aproveitamento de diversas matérias-primas regionais, basicamente óleos vegetais de oleaginosas, tais como a soja, o girassol, o algodão e o nabo forrageiro, gorduras animais, entre outras; propiciar orientação técnica adequada aos pequenos produtores agrícolas do Estado interessados em participar de projetos na área; estudar e dominar os processos tecnológicos de produção de biodiesel a partir de diferentes matérias-primas sob variadas condições experimentais, de modo a se produzir um biocombustível que atenda as especificações técnicas já estabelecidas no País".

Bill Costa ressalta também a condição de o Tecpar produzir biodiesel para testes de aplicação em motores do ciclo diesel, notadamente tratores e máquinas agrícolas de pequenos agricultores e veículos oficiais, além da oportunidade de oferecer treinamento de recursos humanos na operação de unidades de produção de biodiesel, atendendo futuros produtores. "A consolidação desse projeto deverá propiciar aos pesquisadores e alunos de pós-graduação das instituições de ensino e pesquisa do Paraná a oportunidade de desenvolver trabalhos relativos a produção de biodiesel em escala semi-industrial. Além de servir de modelo para posterior implantação de outras unidades no Estado, seja de pequeno ou grande portes. Importante também será o fato de consolidar o Tecpar como instituição de referência na pesquisa e desenvolvimento da tecnologia do biodiesel, complementando sua capacitação laboratorial já instalada" – conclui Costa.

O "Programa Paranaense de Bioenergia" foi instituído pelo Decreto Estadual 2101, de 10/11/03, com a finalidade de gerir e fomentar ações de pesquisa, desenvolvimento, aplicações e uso de biomassa no território paranaense, bem como implantar no Estado do Paraná o biodiesel como um biocombustível adicional à matriz energética. Dentro do Programa Paranaense de Bioenergia, coube a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), por meio do Tecpar, a incumbência de promover o desenvolvimento tecnológico do biodiesel. Contando com uma infra-estrutura laboratorial próxima de 500m² e com modernos equipamentos, o instituto tem atuado em questões relacionadas à produção de biodiesel, caracterização e controle da qualidade de óleos vegetais e biodiesel.

 

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Instituto apóia mini-usinas

Além de estar desenvolvendo sua própria usina de produção de biodiesel, o "Programa Paranaense de Bioenergia" também apóia a primeira miniusina de óleo vegetal do Estado, instalada no fim do ano passado na colônia Witmarsun, em Palmeira, e que deve servir como modelo para implantação de outras em propriedades rurais, com o objetivo de promover e incentivar o uso de combustíveis alternativos renováveis e ecológicos, oferecendo a possibilidade de geração de renda para pequenos agricultores, entre outros benefícios sociais. Um acordo de cooperação entre a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, por meio do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), e a Rede Evangélica Paranaense de Assistência Social (Repas) viabilizou a iniciativa, que teve o aporte inicial de R$ 200 mil do Fundo Paraná.

A iniciativa proporciona o desenvolvimento de pesquisas, realização de testes laboratoriais e de campo, estudos técnicos e atividades complementares sobre aplicação de combustível alternativo a partir da utilização de óleo vegetal em motores diesel e análise de sua eficiência como fonte de energia para uso, principalmente, em pequenas propriedades rurais. Entre as vantagens do projeto está o uso de equipamentos de baixa tecnologia, não apenas por causa do preço, mas também pelas possibilidades que oferece. O projeto é desenvolvido tendo como base a realização de testes monitorados com registro dos resultados do uso exclusivo de óleos vegetais em motores diesel quanto à estabilidade, integridade, desempenho, emissões e durabilidade de componentes em motores de teste nas fases laboratorial e de campo.

O protótipo instalado em Witmarsum tem capacidade de processar 100 kg de grãos/hora. A extração de óleos vegetais a frio é feita por meio de prensagem mecânica. O óleo vegetal fornecido pela miniusina, cuja qualidade tem sido acompanhada pelos laboratórios do Tecpar com ensaios físico-químicos, será utilizado em um trabalho a ser desenvolvido pelo instituto e pela Universidade Estadual de Maringá envolvendo testes em três tratores que consumirão óleo vegetal puro ou em misturas com diesel.