O Centro de Energias Renováveis (Cerbio) do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) teve quatro de suas pesquisas selecionadas para apresentação em dois eventos nacionais realizados simultaneamente de 16 a 19 de abril em Salvador - o 5º Congresso de Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel e o 8º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel.

    Os trabalhos foram apresentados pela pesquisadora do Cerbio Daniele Cristina Adão. Segundo ela, todos tiveram boa repercussão no evento, o que representa a relevância das pesquisas desenvolvidas pelo Tecpar. Daniele destaca que a participação nos congressos também permitiu orientar novos trabalhos em função das tendências apontadas. “Houve algumas palestras internacionais bem interessantes que mostraram problemas que estão acontecendo com o biodiesel no exterior.”

    De acordo com a pesquisadora, um dos elementos que compõem o biodiesel, chamado esteróis glicosados, pode precipitar-se no combustível formando borras e desencadeando entupimento do sistema de injeção. “No caso do biodiesel usado no transporte coletivo de Curitiba, não observamos a formação de borras, o que pode estar relacionado ao pequeno período de tempo em que o combustível fica estocado. O volume do biocombustível que abastece o ônibus praticamente já é consumido no mesmo dia”, explicou Daniele.

    O Tecpar é o organismo responsável pelo controle da qualidade do biodiesel consumido no transporte coletivo de Curitiba. Ainda que problemas de floculação no combustível não tenham sido identificados localmente, segundo informações da gerente do Cerbio, Elisa Suchek, o Tecpar poderá se antecipar na questão direcionando projetos de pesquisa sobre esteróis glicosados, suas consequências ao motor, ou mesmo formas de extraí-lo do combustível sem prejuízo de eficiência.

    “Nós estamos discutindo o assunto internamente, temos infraestrutura de laboratórios, pesquisadores do mais alto nível e total interesse em buscar soluções tecnológicas para os desafios que nos são apresentados”, concluiu Elisa.

    Pesquisas - Os trabalhos selecionados para apresentação nos congressos compreendem temas variados. Um deles é uma análise comparativa da emissão de gases poluentes no transporte coletivo de Curitiba movido a diesel e biodiesel. O trabalho aponta maior eficiência na queima do biodiesel em relação ao combustível fóssil. De acordo com o estudo, o biodiesel apresenta menos emissão de poluentes como monóxido e dióxido de carbono (CO e CO2) tanto em 1.300 como em 2.000 rotações por minuto, entretanto emite mais óxido de nitrogênio (NOx), um dos gases mais abundantes gerados na combustão de motores a diesel.

    Em outro trabalho apresentado, “Micorremediação de efluente gerado na produção de biodiesel”, a pesquisa buscou identificar e avaliar a eficiência do uso de micro-organismos como fungos para o tratamento de resíduos gerados na produção de biodiesel. O gênero Clodosporium (tipo de fungo que se apresenta como manchas escuras e ataca vegetais) foi o que apresentou melhor desempenho. Os pesquisadores do Tecpar concluíram que o emprego de micro-organismo  no tratamento biológico de efluente de biodiesel é uma alternativa tecnologicamente viável. O trabalho poderá render publicação em revista especializada e solicitação de patente ao Tecpar.

    Um terceiro trabalho apresentado no evento analisou diferentes tipos de embalagens usadas para coleta de amostras de diesel e biodiesel que são enviadas para análises laboratoriais. O estudo mostrou que alguns tipos de embalagem não devem ser usados, como o caso das garrafas PET, porque suas características possibilitam alterações químicas do produto, comprometendo o resultado das análises.

    O uso do jerivá como alternativa para a produção de biodiesel foi o objeto de estudo de outro trabalho apresentado pelo Tecpar. O estudo mostrou que as propriedades do óleo de jerivá são semelhantes às de outros óleos vegetais, assim como o biodiesel produzido a partir dele se assemelha ao produzido a partir de outras oleaginosas.