Programa do Tecpar supera índices de inseminação artificial em búfalas 20/02/2004 - 00:00


Técnica permite produção de carne e derivados durante o ano todo,

garantindo competitividade do produtor

 

A partir de um diagnóstico realizado pelos técnicos do Instituto de Tecnologia do Paraná – Tecpar, um proprietário rural do litoral paranaense pôde se beneficiar do Programa de Apoio Tecnológico à Exportação, gerenciado pelo instituto, e ganhar competitividade no mercado. O produtor rural Ugo Rodacki buscou na instituição uma solução para a produção de carne, leite e queijo de búfala regular, pois o mercado exige uma constância na entrega do produto e existe uma sazonalidade na espécie, que impede a reprodução durante o ano todo, e ainda, a garantia da segurança alimentar do seu rebanho, adequando-se as exigências do Ministério da Agricultura, através do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Carne de Origem Bovina e Bubalina. "Foi aberta uma nova perspectiva e o produtor recebe um grande incentivo do programa", afirma Rodacki, satisfeito com o trabalho que está sendo realizado na sua propriedade.

A obtenção de índices de inseminação melhores do que a média existente, de acordo com a médica veterinária, Roberta Mara Züge, podem ser atribuídos ao cuidado na seleção e ao exame clínico mais apurado. "Comparativamente com São Paulo, onde também começou a ser feita a desestacionalização ou seja, a alteração do ciclo da búfala através de um processo hormonal, nós tínhamos mais desvantagens pela diferença de luminosidade", explica a veterinária. "Os animais mais perto do Equador quase não possuem sazonalidade e inseminamos novilhas, animais que nunca tinha emprenhado, o que também é outra dificuldade, conseguindo 60% de prenhez nas duas aplicações já feitas, enquanto que em São Paulo o índice é de no máximo 50% em animais que já tinham parido antes", declara. Dos 31 animais submetidos à inseminação artificial, 19 emprenharam. A técnica também possibilita o melhoramento genético do rebanho com um custo inferior ao praticado quando se utiliza touros para a reprodução.

Para o pecuarista a produção de leite durante o ano todo garante a produção de queijo, inclusive no verão, quando os produtores do litoral tem o melhor momento para comercializar seus produtos, exatamente no período onde a produção de leite de búfala é menor, por não ser época de nascimentos. "A técnica acaba com o problema do produtor, que tinham uma posição difícil perante o cliente", diz Roberta.

 

Exportação

Além da desestacionalização, o proprietário da Fazenda Aventura começa o programa de rastreabilidade, que visa a caracterizar o rebanho. A implantação da rastreabilidade é feita através de identificação individual, desde o nascimento ou entrada no sistema, até o seu abate, registrando todas as ocorrências relevantes ao longo da vida do animal nas fases de cria, recria e engorda.

O processo permite identificar a origem do animal, o local de identificação, os deslocamentos, a alimentação, a administração de medicamentos, entre outras informações. A condição de não identificação dos animais é opcional até dezembro de 2005, de acordo com as normativas do Ministério da Agricultura. A recomendação é que o processo de identificação seja implementado para a exportação de carne, principalmente para o mercado europeu, uma exigência decorrente dos problemas de contaminação que ocorreram na Europa.

De acordo com os técnicos do Tecpar, a rastreabilidade executada no Paraná segue a orientação contida no Programa Paranaense de Rastreabilidade Bovina e Bubalina da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento e está sendo implantada gradativamente, uma vez que a medida exige o treinamento dos funcionários das fazendas para um controle adequado.

Com o rastreamento, os pecuaristas estarão aptos a exportar animais e produtos para outros países. "O sistema permite identificar e corrigir na origem qualquer problema", afirma o técnico do Progex, Edmilson Cionek. As informações serão usadas para controle da seleção dos animais, disponibilizando resultados de manejo e genética. A rastreabilidade final é executada por entidades certificadoras credenciadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

 

(juh) 20/2/2004 08:17:55 búfalas