Planta de produção de biodiesel é apresentada na escola de governo 22/05/2007 - 00:00


Em menos de um mês, o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) deve colocar em funcionamento a sua unidade de produção de biodiesel, que está em fase final de testes. O anúncio foi feito pelo diretor técnico do instituto, Bill Jorge Costa, durante a reunião da escola de governo hoje (22/05), quando apresentou os resultados do desenvolvimento tecnológico do biodiesel.

O projeto de instalação da planta de produção é financiado com recursos do Fundo Paraná e atende aos objetivos do Programa Paranaense de Bioenergia, criado em 2003 pelo governo do Estado para gerir e fomentar ações de pesquisa, desenvolvimento, aplicações e uso da biomassa e implantar no Paraná o biodiesel como um biocombustível adicional à matriz energética – de gasolina, álcool e diesel – utilizada atualmente. De acordo com o definido no programa, ao Tecpar cabe a produção de biodiesel e o estudo das diferentes matérias-primas indicadas pela Secretaria de Estado da Agricultura e pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).

"Agora será possível acompanhar a produção e a utilização do produto em escala semi-industrial", afirma Bill Costa, comentando que a base – a experiência em testes de biocombustíveis em escala laboratorial – o instituto já tem. Desde 2003, o Tecpar está envolvido diretamente com o Programa Paranaense de Bioenergia e com o Programa Brasileiro de Biodiesel e é o coordenador do Centro Brasileiro de Referência em Biocombustíveis (Cerbio) – um dos executores do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, que reúne cerca de 30 instituições, entre institutos de pesquisa, universidades, empresas privadas e organizações setoriais vinculadas à indústria automotiva. Além disso, a equipe da divisão do instituto tem experiência e tradição de mais de 20 anos de trabalhos realizados na área de biocombustíveis: pesquisa, analisa e testa combustíveis alternativos e de fontes renováveis, como o biodiesel e uma combinação de diesel, álcool e derivado de éster de óleo de soja, na frota cativa de transporte coletivo de Curitiba, contando com uma infra-estrutura laboratorial próxima de 500 m² e modernos equipamentos.

 

Planta

Com uma área total de cerca de 200 m², a planta de produção de biodiesel do Tecpar é multiuso, isto é, pode testar qualquer tipo de óleo, mas vai começar com o de girassol. O governo quer estudar a possibilidade de aproveitamento de diversas matérias-primas regionais, basicamente óleos vegetais de oleaginosas, tais como a soja, o girassol e o nabo forrageiro, além de gorduras animais.

Composta por uma unidade de pré-tratamento de óleo vegetal e equipamentos para a produção do biodiesel, incluindo reatores, tanques de lavagem, evaporadores e condensadores, além de tanques para biodiesel e glicerina, a planta tem na área externa do galpão tanques para óleo bruto, álcool, água e biodiesel e um motor diesel – gerador de energia elétrica que fornecerá energia e calor para a usina, consumindo o próprio biodiesel produzido na unidade.

De acordo com Bill Costa, a expectativa é de que a planta do instituto seja modelo para disseminar o conhecimento gerado e posterior implantação de outras unidades no Estado, sejam de pequeno ou grande portes. Ele destaca ainda que a iniciativa consolida o Tecpar como instituição de referência na pesquisa e desenvolvimento da tecnologia do biodiesel, complementando sua capacitação laboratorial já instalada. "Nosso desafio agora será viabilizar a produção em pequena escala, oferecer alternativa para o pequeno agricultor e descentralizar a produção de energia. Não é uma tarefa fácil, mas vamos nos dedicar com afinco para que isso aconteça", afirmou.

 

Miniusinas

Além do projeto da planta de produção de biodiesel, o Tecpar também apóia a primeira miniusina de óleo vegetal do Estado, instalada no ano passado na Colônia Witmarsun, em Palmeira, que deve servir de modelo para implantação de outras em propriedades rurais, com o objetivo de promover e incentivar o uso de combustíveis alternativos renováveis e ecológicos, oferecendo a possibilidade de geração de renda para pequenos agricultores, entre outros benefícios sociais. Um acordo de cooperação entre a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, por meio do Tecpar, e a Rede Evangélica Paranaense de Assistência Social (Repas) viabilizou a iniciativa, que teve o aporte inicial de R$ 200 mil do Fundo Paraná.

A iniciativa prevê o desenvolvimento de pesquisas, realização de testes laboratoriais e de campo, estudos técnicos e atividades complementares sobre aplicação de combustível alternativo a partir da utilização de óleo vegetal em motores diesel e análise de sua eficiência como fonte de energia para uso, principalmente, em pequenas propriedades rurais. Entre as vantagens do projeto está o uso de equipamentos de baixa tecnologia, não apenas por causa do preço, mas também pelas possibilidades que oferece. O projeto é desenvolvido tendo como base a realização de testes monitorados com registro dos resultados do uso exclusivo de óleos vegetais em motores diesel quanto à estabilidade, integridade, desempenho, emissões e durabilidade de componentes em motores de teste nas fases laboratorial e de campo.

O protótipo instalado em Witmarsum tem capacidade de processar 100 kg de grãos/hora. A extração de óleos vegetais a frio é feita por meio de prensagem mecânica. O óleo vegetal fornecido pela miniusina, cuja qualidade tem sido acompanhada pelos laboratórios do Tecpar com ensaios físico-químicos, será utilizado em um trabalho a ser desenvolvido pelo instituto e pela Universidade Estadual de Maringá envolvendo testes em três tratores que consumirão óleo vegetal puro ou em misturas com diesel.

 

 

(juh) 22/05/2007 biodiesel_apres.doc