Missão do Tecpar vai à Rússia firmar compromisso de parceria para produção de medicamento biológico 26/07/2013 - 12:47

Uma missão do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) está seguindo viagem para a Rússia neste fim de semana. A missão é coordenada pelo secretário Alípio Leal, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e tem o propósito de afinar os detalhes para o acordo de cooperação a ser firmado entre o Tecpar e a Biocad Brazil, com o objetivo de produção, pelo instituto, do medicamento biológico Bevacizumabe, de última geração para o combate ao câncer e a degeneração macular (perda de visão) relativa à idade.

A parceria público-privada para a produção local do bevacizumabe – princípio ativo cuja marca comercial era patenteada pelo laboratório suíço Roche – vai resultar em uma planta industrial em Maringá e deverá render uma economia de aproximadamente R$ 67 milhões anuais aos cofres públicos. É o que prevêem tanto o diretor-presidente do Tecpar, Júlio C. Felix, quanto o CEO no Brasil da Biocad Biopharmaceutical Company, David Zylbergeld Neto, baseados nos R$ 177 milhões que o Ministério da Saúde (MS) gastará este ano com as importações.

Hoje o Ministério da Saúde dispende R$ 177 milhões anuais com a importação do Bevacizumabe. Com a fabricação no país esse valor números deve baixar para R$ 110 milhões/ano e a expectativa é o Tecpar ficar com pelo menos 50% do mercado. Além de se possibilitar o acesso a medicamentos elaborados no Brasil, essa produção nacional também vai baixar muito o custo do Sistema Único de Saúde (SUS), que se utiliza do remédio.

A parceria - A parceria entre o Tecpar e a Biocad Brazil já havia sido formalizada em reunião no Ministério da Saúde, em Brasília, no mês de junho. Diretores do Tecpar apresentaram ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos do ministério, Carlos Gadelha, o projeto elaborado entre os parceiros, conforme demanda do próprio órgão federal, a partir dos primeiros contatos de apresentação para a possibilidade de um trabalho conjunto entre as partes, que segue o modelo de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP).

Os encontros entre as duas partes acontecerão em duas cidades da Rússia - São Petersburgo e Moscou - e a meta será fechar definitivamente os negócios com a Biocad e estabelecer o cronograma de transferência de tecnologia, que deve começar com a capacitação de pessoal até atingir a produção no laboratório do Tecpar, a ser instalado no parque tecnológico de Maringá. Esse será o complemento das negociações, que envolverão as necessidades tecnológicas da futura fábrica, a estimativa de pessoal local e russo e também os detalhes econômicos.

PDPs - As PDPs são firmadas entre instituições públicas e entidades privadas com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de tecnologias em áreas estratégicas, como a de biotecnologia, para diminuir custos. Têm por finalidade reduzir o tempo de desenvolvimento de novos produtos, valendo-se de transferência de tecnologia do processo produtivo de medicamentos estratégicos que já estão desenvolvidos pela iniciativa privada. O prazo determinado para uma PDP é de cinco anos, durante o qual o produto deve ter sido registrado no Brasil enquanto todas suas etapas produtivas também devem estar sendo realizadas no país.

Biológicos - Os produtos biológicos são mais eficazes em relação aos medicamentos tradicionais de síntese química, aumentando as possibilidades de sucesso no tratamento, principalmente para doenças crônicas.  Eles são feitos a partir de material vivo e manufaturados a partir de processos que envolvem medicina personalizada e biologia molecular.

Atualmente os biológicos consomem 43% dos recursos do Ministério da Saúde com medicamentos, cerca de R$ 4 bilhões por ano, apesar de representarem 5% da quantidade adquirida.

O Brasil já produz, atualmente, via transferência de tecnologia, 14 biológicos para doenças como hemofilia, esclerose múltipla, artrite reumatoide e diabetes. Até 2017, de acordo com o ministério, estes produtos terão fabricação 100% nacional.