Instituições públicas estudam produção nacional de kits diagnósticos de doenças bovinas 06/06/2012 - 15:18


Teve início as tratativas para a possibilidade de desenvolvimento e produção de kists diagnósticos para saúde animal por meio de uma parceria entre o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gado de Corte, o Instituto Carlos Chagas (ICC) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).

A ideia é unir as competências dessas instituições para contribuir no enfrentamento de problemas sanitários que ocorrem ao longo da cadeia de produção da carne brasileira, com consequências econômicas e também no campo da saúde pública.

“A participação do Tecpar nesta iniciativa é fundamental já que o instituto já possui expertise na produção de produtos para saúde animal (vacinas e diagnósticos)”, explicou o diretor-presidente em exercício do Tecpar João Buso.

O Brasil ainda é dependente de empresas estrangeiras para a aquisição de kits de diagnósticos de doenças bovinas como anaplasmose, babesiose, tuberculose e febre aftosa. A possibilidade de produção desses kits no país já vem sendo estudada por pesquisadores da Embrapa e do IBMP há mais de dez anos.

De acordo com um dos responsáveis por essas pesquisas, o doutor em imunologia da Embrapa Fábio Ribeiro Araújo,  “o desenvolvimento da tecnologia já está em estágio bastante avançado e a discussão se concentra em torno de como será a adaptação ao mercado e as formas de comercialização”.

Araújo explica que controle de algumas dessas doenças como, brucelose e tuberculose, é feito por entidades oficiais de vigilância sanitária. Já em outros casos, segundo ele, os kits de diagnósticos seriam comercializados diretamente aos veterinários que disponibilizariam ao produtor.

Em reunião realizada na última segunda-feira (4) no Tecpar em Curitiba, os representantes das  instituições envolvidas decidiram elaborar um documento conjunto, a ser apresentado ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), apontando possíveis rotas tecnológicas e plataformas para desenvolvimento de produtos que assegurem a sanidade animal. O documento inclui ainda  sugestões de regulação para o controle de qualidade da produção nacional.

De acordo com o coordenador de gestão do IBMP e vice-diretor de gestão do ICC Mário Moreira dependendo da resposta do Ministério e estudos de viabilidade técnica e comercial, além dos kits de diagnóstico, existe a possibilidade também da produção de vacinas, pelo Tecpar, para algumas dessas doenças. 

“O interesse da Fiocruz nesta parceria é dispor de ferramentas que possam controlar essas doenças, muitas das quais podem se constituir num problema de saúde publica. Como o IBMP domina modernas tecnologias de desenvolvimento e validação de diagnósticos para saúde humana, estas tecnologias poderiam ser transferidas para o Tecpar produzir e distribuir estes kits nacionalmente” afirmou Moreira.

Kits diagnósticos – O principal componente dos kits diagnósticos para doenças imunológicas bovinas é a proteína culminante da enfermidade pesquisada. A detecção é feita em amostra de sangue do animal. Na parte líquida do sangue, a que não se coagula, o soro, é inserido a proteína culminante. Se o animal já teve contato com a doença pesquisada, haverá anticorpos no soro que vão reagir com a proteína sendo possível diagnosticar a doença.

Bovinos – O Brasil figura entre os maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo, com rebanho estimado em 209 milhões de cabeças de gado (IBGE). Entretanto, nos últimos anos, grandes importadores da carne brasileira, a exemplo da Rússia, impuseram barreiras sanitárias e vem exigindo rastreamento e certificação do produto, com impactos econômicos já percebidos pelo setor. Segundo dados divulgados recentemente pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), as exportações de carne bovina nos primeiros quatro meses de 2012 somaram 348,9 mil toneladas, queda de 1,49% na comparação com o mesmo período do ano passado.