Com apoio do Tecpar, startup desenvolve sensor que avalia qualidade da água em tempo real 21/10/2024 - 15:10

A Incubadora Tecnológica do Tecpar (Intec) está apoiando o desenvolvimento de um dispositivo de sustentabilidade voltado para o monitoramento da qualidade da água para captação, lançamento de efluentes e outras aplicações. A tecnologia, que permite obter um diagnóstico da água de rios, nascentes e efluentes em tempo real, foi desenvolvida pela Chemical Inovação, startup selecionada no mais recente edital do Instituto, lançado para estimular novos empreendimentos de base tecnológica no Paraná.

Em 2018, a Chemical lançou a primeira versão do aplicativo chamado MARAI. Disponível para download gratuito, ele permite que qualquer pessoa acesse o pré-diagnóstico da água de determinado local na tela do celular. Agora, com o apoio da Intec, a startup quer lançar no mercado uma versão corporativa da ferramenta, que contará com o sensor Water Drop MARAI. 

No acesso gratuito, o usuário abre o aplicativo MARAI e vai respondendo as perguntas apresentadas na tela, conforme observação das características ambientais do local e da água a ser analisada. No final, o app fornece o diagnóstico conforme padrões definidos na legislação ambiental, classificando aquela água como contaminada ou não (os resultados não podem ser comparados nesta versão). Informações detalhadas serão disponibilizadas na versão corporativa que está em desenvolvimento.

Segundo o gerente do Setor de Parques e Incubadoras Tecnológicas do Tecpar, Rogério Moreira de Oliveira, a proposta da Chemical foi avaliada por especialistas e aprovada no processo de incubação, apresentando um grande potencial para o desenvolvimento do empreendimento e da plataforma tecnológica.

“Por meio da incubadora, o Tecpar busca promover o empreendedorismo tecnológico inovador com foco na geração de mais empregos, melhoria de renda e estímulo à atividade econômica. É o caso da Chemical, que encontrou aqui um ambiente interessante para o desenvolvimento do seu projeto, pois terá acesso à toda infraestrutura do Tecpar para apoio tecnológico”, afirma.

Selecionada para incubação na modalidade residente, a empresa está instalada fisicamente nas dependências do Tecpar em área exclusiva, utilizando a infraestrutura e os apoios gerenciais e técnicos oferecidos pela Intec. Também conta com serviços de assessoria e consultoria especializados, e acesso a um laboratório com serviços de impressão 3D e de prototipagem de placas de circuito impresso.

PROJETO – Com mais funcionalidades, o diferencial da nova versão que está sendo desenvolvida na Intec é ser um dispositivo com conectividade com sensor IoT, e autonomia de energia por meio de placas solares e baterias. Em poucos minutos o dispositivo faz comunicação remota com uma plataforma que fornece análises detalhadas da qualidade da água, conforme parâmetros físico-químicos estabelecidos na legislação ambiental.

“Escolhemos o Tecpar pela expertise da incubadora em outros projetos de hardware. Hoje nós estamos em um momento de virada, e entendemos que pela base tecnológica do nosso produto faria muito sentido estarmos aqui, onde nossa tecnologia pode ser validada por laboratórios certificados e acreditados pelo Inmetro. Já tivemos outros tipos de apoio, mas nenhum voltado ao suporte técnico especializado como recebemos aqui no Tecpar”, diz a CEO da empresa e desenvolvedora da tecnologia, Elaine Pires.

INÍCIO DE TUDO – Elaine conta que a ideia do projeto começou em 2015, quando elaborou o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para a graduação em Química. A proposta do trabalho, voltado para a educação ambiental com alunos do Ensino Médio, era transformar o estudo da análise química da água. 

“Sempre ouvi que temos que mudar o mundo pela educação, então eu queria transformar por meio de uma plataforma multidisciplinar de educação. Com o apoio de professores de outras disciplinas, elaborei um protocolo de análises de água, e o resultado dos alunos em campo foi tão fantástico que eu pensei: porque não transformar isso em algo com escala maior?”, relembra Elaine.

Recém-formada, mesmo sem dinheiro para investir no projeto, Elaine criou o aplicativo em uma versão simplificada (MVP), apenas com os recursos essenciais para atender às necessidades básicas dos usuários. “Comecei a utilizar o aplicativo na comunidade e nas escolas, com acesso gratuito. Até que eu entendi que eu podia ir além, que podia transformar aquilo em negócio, e comecei a desenvolver o sensor”, lembra. 

A iniciativa rendeu à Elaine o Prêmio de Mulheres Inovadoras 2022, concedido pela Finep, além de outros prêmios voltados ao empreendedorismo e startups inovadoras e também a certificação pelo Instituto Socioambiental Chico Mendes na categoria de Tecnologia Sustentável. A empresa também foi selecionada pelo programa Smart Factory, que faz parte da Plataforma Inovação para a Indústria do Senai, com apoio do BNDES.

Agora, com o suporte da Intec, o aplicativo está sendo adaptado ao sensor em desenvolvimento, que estará disponível para a versão corporativa. Por se tratar de um produto com vários critérios químicos para serem avaliados, é necessário que o sensor passe por diversos testes e validações antes de ser lançado no mercado. “Precisamos ter uma segurança no que estamos fazendo e ter aqui no Tecpar essa estrutura de apoio, desenvolvimento e melhoria no hardware nos possibilita a entrada no mercado”, pontua. 

COMO FUNCIONA – O dispositivo é indicado para empresas de mineração, educação e ensino, agronegócio, na indústria e nos processos relacionados à água. O sensor é deixado no ponto determinado para fazer a medição dos parâmetros físico-químicos da água em tempo real. Em um único dia é possível fazer 204 medições. Ao final da análise, ele fornece o diagnóstico dentro dos parâmetros ambientais e envia os dados para serem armazenados na nuvem.

Na versão corporativa, é possível baixar os laudos que dão acesso à avaliação completa e detalhada. Já a opção básica não tem acesso ao sensor, porém fornece informações e um mapa interativo, funcionando como uma plataforma educacional, em linguagem acessível.

A tecnologia possibilita, ainda, que a própria população atue como um agente ambiental de informação, contribuindo para a proteção do meio ambiente e para a gestão responsável dos recursos hídricos. “Não precisa ser especialista para entender. O resultado classifica a qualidade da água em uma porcentagem que vai de zero a 100, onde até 30% são águas com perfil muito ruim, e mais de 70% são águas mais qualificadas”, explica.  

INCUBADORA – Criada para estimular a geração e instalação de empresas de base tecnológica no Paraná, a Intec foi a primeira incubadora do Estado com este perfil. Ao longo de sua história já deu suporte a mais de 100 negócios inovadores. A Intec também está no rol de ambientes promotores de inovação credenciados pelo Sistema Estadual de Parques Tecnológicos do Paraná (Separtec).

Interessados em participar do processo de incubação podem buscar informações neste site.

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